terça-feira, março 8

Dissolver



Sempre pensei como seria a hora da minha morte. Primeiro tinha em mente um jardim com pouca saturação, um lençol branco logo atras, balançando ao vento, varias borboletas, uma cadeira de balanço, ou quem sabe até um balanço de criança, um cheiro de chuva, mas sem chover, o ceu um pouco nublado, mas o sol clarinho, aconchegante, educado. Uma folha cai da arvore, uma borboleta voa em minha direção... os meus olhos brilhando, acompanhando a borboleta... até que ela pouse em meu braço... bata as asas bem devagar... diminuindo a velocidade de leve, como um piscar de olhos de cochilo. E quando as asas paracem, a vida se ia... de leve... educada... virar uma borboleta. Logo depois pensei na água... o corpo flutuando... os ouvidos ouvindo tão pouco e sentindo tanto. Os braços dançando tão suaves, o movimento da agua tão delicado que me fazia conhecer a natureza que nunca vi.. a agua penetrando em meus cabelos... os cabelos espalhados... molhados... o olhos contenplando o céu, e sumindo em si mesmos, se tornando vazios para um telespectador. Mas tão intensos para o meu ser, podiam me contemplar inteiramente... e de tanto me entender, não poderia mais ver ninguem. Não faria um movimento se quer, seria guiada pela agua, pelo vento... quem sabe até chegasse em alguma superficie... onde só os meus cabelos se moveriam ao vento, até serem tomados totalmente pela natureza e deixarem de ser unicos mas sim o todo. Então ando pensando na forma de viver.

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