domingo, janeiro 2

Sentimentos revelados por situações criticas.


Enquanto todos tentavam dormir no final da tarde, a brisa e sua irmã foram à cozinha, não porque estivessem com fome... para sua irmã restava apenas a unica mesa clara e disponivel para trabalhar e a brisa sentou-se logo ao lado em uma cadeira velha de balanço. Tentou se acomodar na velha cadeira de pano que aos poucos se rasgava e rangia. Poucos sentavam com medo que ela finalmente derrubasse alguem. Os que estavam acordados pouco falavam para não acordarem os cansados e doentes que tentavam descançar e desfrutar da paz natalina. Foi então que chegou com uma tristeza no olhar, e um remorso no coração seu tio mais distante. O cheiro de bebida tomou conta da cozinha junto com sua voz alta e pouco preocupada com os que descançavam. Seus olhos logo se encheram de brilho quando viram suas sobrinhas, entretanto, a reciproca não era verdadeira. A mas velha, apesar de querer bem ao tio estava cansada de aturar todos os anos o tio bêbado. E a mais nova, a brisa, estava muito interessada lendo "a arte de escrever" e preferia n ter que desviar seus olhos ao encontro de olhos vermelhos e pés sem equilibrio. Mas no vai e vem da conversa, nos pedidos de silencio negados. Os olhos da mais nova se cruzaram com os do tio, e eles encontraram olhos tristes, olhos de quem sofre, olhos de quem bebe pq n tem uma vida boa... olhos que bebem para esquecer que não vivem. "Um dia melhora... não melhora ?" e repetia a pergunta mas não tinha resposta verbal. Os olhos da mais nova respondiam que não, que a vida não era boa e justa com ninguem e que nunca melhoraria. Mas ela não teve coragem para profanar palavras sem esperança como essas. E os olhos se encheram de lágrimas e por um segundo infinito os olhos se cruzaram. Até que ela abaixou seus olhos para seu livro, não porque ele o interessase mais, mas porque não sabia o que fazer com seu olhar e se aguentaria sustentar suas lágrimas. "um dia passa..." "Um dia passa..." "eu não sou ruim, são os boatos..." e com essas palavras soltas no ar, passou pela porta da cozinha e suspirou baixinho "vou pra casa..."

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